por Mariana Guarilha
O filme que foi um dos meus preferidos na adolescência, conta a história de Cinderela de uma maneira um pouco mais realista onde a fada madrinha é substituída por um personagem histórico e a magia é substituída pelo amor. Também a vilania da madrasta e sua filha mais velha é mostrada apenas como mesquinhez e falta de escrúpulos.
A história começa com uma descendente direta de Danielle de Barbarrat, a nossa Cinderela conversando com os irmãos Grimm e se dispondo a oferecer alguns detalhes, como prova de tudo aquilo que conta, ela mostra um sapatinho de vidro e conquista a atenção de seus interlocutores. Todos os elementos da história que conhecemos desde a infância estão presentes: Danielle dorme na beira da lareira, é tratada como criada pela madrasta e suas meio-irmãs , também há um baile em que o príncipe escolherá sua noiva, um sapatinho e um desencontro, porém as similaridades terminam por aí.
A começar pela personalidade de Danielle, ela não é apenas uma moça servil que desconhece a maldade das mulheres a sua volta, ela reconhece seu lugar de criada naquela casa e só desafia sua posição social quando precisa salvar um velho plebeu, vítima da vilania de sua madrasta. Apesar de viver como criada e não gozar de nenhum luxo, o gosto pela leitura que foi cultivado pelo seu pai, faz com que Danielle seja culta e tenha uma vantagem diante da ignorância das mulheres na sociedade.E apesar das intempéries que enfrentou quando o pai morreu rebaixando seu lugar na sociedade, Danielle conquistou certa liberdade com o descaso de sua “família”.
A Cinderela é apresentada a todos nós como uma jovem que sabe filosofia, consegue se defender e luta pelos mais fracos, e é isso que faz o príncipe se apaixonar, e não sua beleza como na versão Clássica. Nos primeiros encontros fica claro o quanto a jovem o desconcerta e o fascina e nada é dito sobre sua aparência, mas sobre sua personalidade.
Também Henry, o príncipe, é retratado de modo diferente: ele precisa da ajuda de sua heroína romântica para escapar a malfeitores, e também são os ideias da amada que lhe dão inspiração para ser um monarca melhor. A princípio ele demonstra defeitos claros, tendo preconceitos a respeito das classes subalternas e sendo manipulado pelos pais a realizar coisas que não gostaria.
Outro destaque, é a figura escolhida para ser o benfeitor do casal, ninguém menos que Leonardo da Vinci. O célebre personagem histórico é o responsável por dar a ideia de um grande baile para que o príncipe escolha a sua noiva e também pelo toque final no vestido de baile de Danielle: As asas da borboleta.
Durante muito anos, o vestido de Danielle no baile foi a imagem que eu guardei da Cinderella de Drew Barrymore. Outro destaque é a interpretação de Anjelica Huston, com sua madrasta quase delicada demais para carregar tanta vilania.